De acordo com o dicionário, escola significa “estabelecimento público ou privado destinado ao ensino coletivo”, ou ainda: “conjunto de professores, alunos e funcionários de uma escola”. Substantivo feminino, no entanto, escola vai além disso e pode ser tratada como espaço de aprendizado, amizade e vivências que elevam o conceito de saber para as relações sociais e a memória afetiva de todos. Para comemorar o Dia da Escola, festejado em 15 de março, separamos casos em que as unidades de ensino serviram como importante espaço de convivência, acolhida e autoestima para as comunidades em que estão inseridas.
Um destes bons exemplos ocorre na Escola Estadual Ephigenia de Jesus Werneck, no Bairro Dona Rosarinha, em Santa Luzia. A unidade de ensino foi abraçada, não só pelos alunos, como por ex-alunos e a comunidade no entorno que tem no espaço uma referência de ensino e, também, de lazer. De acordo com a diretora Valéria Souza de Brito, a escola fica aberta aos fins de semana e também à noite nas segundas-feiras e recebe oficinas de vôlei e futsal. As aulas são feitas por quem já passou pela unidade e retornou não só pelas boas lembranças vividas lá, mas, também, para dar oportunidade de aprendizado a quem ainda estuda.
Além de oferecer a oportunidade de aperfeiçoamento de talentos, a iniciativa possibilitou uma mudança no olhar de todos para com a escola. “Com essa experiência, os alunos passaram a enxergar a escola como uma extensão da casa deles”, conta a diretora. Ela ainda ressalta que o patrimônio da unidade também passou a ser mais conservado, pois começou a ser visto com empatia pelas boas vivências observadas ali com a mobilização. “É uma maneira de fazer com que eles percebam que a escola pertence a eles, que o espaço é deles, além de manter o patrimônio”, relata.
Os ex-alunos passaram a dar palestras aos estudantes da escola contando como é a vida profissional e ressaltando a necessidade de aproveitar bem todas as oportunidades vivenciadas na escola. “A autoestima deles ficou melhor e melhorou muito também a frequência”, comemora.
Amparo em momentos difíceis
Apesar de ser um espaço que marca a vida das pessoas de forma positiva, a escola também estará de portas abertas para acolher quando o momento se apresentar contrário. A Escola Estadual Lígia Maria de Magalhães, em Contagem, é um exemplo disso. Em janeiro, durante período de fortes chuvas em Minas, ela foi usada para acolher os atingidos pelo desmoronamento e deslizamento de terra no Morro dos Cabritos, no Bairro Colorado.
Os moradores foram pegos de surpresa e precisaram ser encaminhados para a unidade de ensino, quando a defesa civil da cidade determinou que o local fosse evacuado. Ainda na época, uma das afetadas pelo deslizamento, Daiane do Carmo Marinho, de 26 anos, contou que o momento era difícil, mas ser acolhida na escola amenizava um pouco as dificuldades. Ela foi aluna da unidade de ensino quando criança e sua filha também é estudante da unidade escolar. “Nunca imaginei que passaria por essa situação na escola em que estudei”, comenta.
De acordo com a diretora da unidade, Angélica Bárbara Gontijo, a unidade de ensino sempre foi aberta à comunidade, o que já garantia esse vínculo. Mas, essa nova experiência serviu para estreitar ainda mais essa relação. “Em janeiro, a escola passou por mais uma demonstração de vínculo com a comunidade quando serviu de abrigo para a população afetada pela chuva”, conta. Ainda de acordo com a diretora, desde então, ela tem recebido agradecimento das pessoas pela acolhida de toda a comunidade escolar naquele momento de dificuldades.
Diálogo e participação
Construir uma escola que seja participativa e cada vez melhor também é um compromisso de todos. Atualmente, a rede estadual em Minas tem 3.613 escolas localizadas em todas as regiões do estado. E toda as vezes em que a comunidade e os pais se envolveram, os resultados sempre foram positivos. Um dos exemplos de participam é da Viviane Rodrigues. Ela acompanha a vida estudantil da enteada e está sempre presente na escola disposta a ajudar.
Viviane conta que se lembra de como era antigamente, quando ainda estava na escola, e a importância que percebia quando tinha a participação dos pais ou responsáveis nas atividades. Levando isso para a prática, ela integra um grupo de pais de alunos de escolas estaduais de várias regiões mineiras que participam ativamente da vida escolar de seus filhos. O grupo participa, periodicamente, de reuniões com a equipe da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG).
Ainda de acordo com Viviane, vivenciar a escola de forma mais próxima traz reflexos inclusive no dia a dia da família, e por isso, recomenda a prática a outros pais e responsáveis. “É importante acompanhar os filhos em todos os momentos e, também, na vida escolar. A escola tem a função de educação de ensinamentos, mas a família deve ensinar outros saberes também. A dica que dou é a de que os pais se lembrem de como era na época em que estudavam e como era importante essa presença. Principalmente, lembrar que a educação é a única coisa que eles têm e que ninguém vai conseguir tirar”, destaca.