A partir de projetos pedagógicos, aprendizado é levado para além dos muros da escola e alunos sensibilizam suas famílias

“Temos sempre que verificar a caixa d’água, eliminar a água que fica debaixo dos vasos de plantas, colocar as garrafas com o bico virado para baixo e de preferência em lugares cobertos”, essas dicas simples de como prevenir a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, são da estudante Beatriz Barbosa Gomes. Com apenas sete anos de idade, a aluna do 3º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Hugo Werneck, em Belo Horizonte, é consciente e observa atentamente se o que aprendeu na escola é feito em casa. “Aprendi como eliminar os criadouros e proteger a minha família”, conta Beatriz.

Na Escola Estadual Hugo Werneck cada turma desenvolveu um trabalho diferente. Foto: Arquivo da Escola

As dicas e observações foram aprendidas na escola em um projeto de prevenção e combate ao mosquito. “Estamos com um alto índice de casos de dengue no nosso bairro e estamos fazendo um trabalho conjunto com o posto de saúde. O objetivo é mobilizar a comunidade. Na reunião de pais, no início do ano, falei a eles que iríamos enviar um dever de casa para fazerem junto com os filhos: o checklist da casa, onde eles verificam todos os pontos de atenção da residência”, conta a diretora da escola, Estefânia Sipoli Ferrarezi Carneiro.

Os alunos estudam sobre os sintomas e formas de prevenção da dengue, a chikungunya e o zika vírus. “Cada turma está fazendo um trabalho diferente. No 1º ano do Ensino Fundamental, os alunos leem historinhas e fazem o reconto e desenhos. Do 2º ano do Fundamental em diante eles se transformam em verdadeiros agentes mirins e alertam os pais sobre os cuidados necessários.Levam para casa o checklist e analisam com as famílias”, explica Estefânia. Na sexta-feira (05/04), será realizado um teatro sobre o tema e montado murais com cartazes e desenhos dos estudantes.

Na Escola Estadual São Pedro São Paulo, também na capital mineira, o poder multiplicador e mobilizador dos estudantes também é o foco das ações, como explica a diretora, Rosene Aparecida Belico Guimarães. “Os estudantes são os nossos porta-vozes com a família. Levam o que aprendem aqui e conscientizam a comunidade. Esse mosquito só pode ser combatido com a união de todos.” Entre as ações realizadas está a confecção de mosquitos com materiais reciclados e o reconto dos estudantes, que após levarem as informações para casa voltam à escola e contam como foi a conversa com a família.

Todos os anos a Escola Estadual São Pedro São Paulo desenvolve ações de combate à dengue. Foto: Arquivo da Escola

A aluna do 7º ano do Ensino Fundamental, Emily Monteiro de Morais, já viu de perto o que a dengue pode fazer. “Muitas pessoas da minha família já pegaram essa doença e vi como é. Eles não conseguiam trabalhar e tinham que ficar de repouso”. Depois de estudar sobre o mosquito e a partir do que já viu acontecer com sua família, a estudante sempre tenta alertar quando percebe possíveis focos da dengue. “Quando vejo um caso de água parada falo para as pessoas do perigo da dengue, chikungunya e do zika vírus. Falo que são doenças graves e que podem levar à morte”, conclui.

Boletim epidemiológico de monitoramento dos casos de Dengue, Chikungunya e Zika

Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, em 2019, até o momento (dados atualizados em 01/04), Minas Gerais registrou 81.456 casos prováveis (casos confirmados + suspeitos) de dengue. Neste mesmo período foram confirmados sete óbitos por dengue nos municípios de Arcos, Betim, Paracatu, Uberlândia (dois) e Unaí (dois). São 29 óbitos em investigação para dengue. Vale ressaltar que os óbitos em questão foram notificados ao longo de 2019 e não são, necessariamente, óbitos recentes.

Em relação à febre chikungunya, Minas Gerais registrou 966 casos prováveis da doença em 2019. Até o momento não houve registro de óbitos suspeitos. Já em relação à Zika, foram registrados 319 casos prováveis em 2019, até a data de atualização do boletim.

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