Gestores escolares que participaram do Forpaz levarão informações prévias aos professores que participarão de qualificação em novembro
Defensores públicos defendem que promoção da paz nas escolas depende de parcerias Sessenta gestores de escolas estaduais e municipais pertencentes as cidades de Santa Luzia, Ribeirão das Neves, entre outras que compõe a Superintendência Regional de Ensino (SRE) Metropolitana C, participaram durante toda a manhã e tarde desta quinta-feira, 20, do ‘I Encontro de Promoção da Paz e de Articulação em Rede – Forpaz’ .
O encontro que teve lugar na Magistra – escola de formação e desenvolvimento de educadores, em Belo Horizonte, é uma prévia do encontro que acontecerá em novembro, e que irá qualificar professores das Metropolitanas para impleementação de equipes de mediação de conflitos nas escolas.
Neste 20-09, além de três palestras, e debates, os diretores participaram de uma dinâmica de grupo que propôs a trocade experiências e a construção de soluções sobre como buscar parcerias e quais órgãos, instituições e associações podem ser acionadas pelos educadores neste trabalho de mediação e prevenção de violência dentro do ambiente escolar.
Além da secretária adjunta de estado de Educação, Maria Sueli de Oliveira Pires, que fez o pronunciamento de boas vindas, estiveram presentes também no encontro, o professor associado da Universidade Federal de Minas Gerais, Walter Ernesto Ude Marques, que falou sobre a importância do trabalho em rede, membros da Guarda Municipal e da Defensoria Pública, como Roberta de Mesquita Ribeiro, que é também coordenadora do Forpaz, Francis de Oliveira Barreto Coutinho – mediadora de conflitos – e o especialista em Infância e Juventude, Wellerson Eduardo da Silva Corrêa, que palestrou sobre “a escola, como agir diante da prática de Ato Infracional e Ato Disciplinar”.
Segundo a secretária adjunta de Educação “o encontro é um preparatório fundamental para que os diretores comecem a se reconhecer e para que eles troquem experiências. Esses diretores chegarão ao encontro de novembro com os professores das metropolitanas A, B e C, com uma concepção de rede mais estruturada. E a RMBH é bastante complexa. Há realidades distintas e é muito importante, criar uma dinâmica, uma cultura de intercambio e cooperação. Por isso, o que buscamos no Forpaz é a disseminação de uma nova cultura”, destacou Sueli Pires.
Para o defensor público Wellerson Eduardo da Silva Corrêa, o cenário para que uma parceria ampla entre escolas, sociedade e órgãos governamentais aconteça é cada vez mais propenso. “As escolas estão mais abertas ao diálogo e tabus ligados ao nosso trabalho, por muito tempo foi visto como intromissão, imposição e repressão estão sendo superados. Éramos acionados somente quando uma violação já tinha ocorrido. E isso está mudando, graças a trabalhos de conscientização e sensibilização como este que o Forpaz vem coroar, permitindo que medidas preventivas e protetivas de crianças e adolescentes aconteçam nas escolas”, explicou.
Empoderamento do aluno
Detectar lideranças “boas ou más”, criar noções de pertencimento dentro da escola, promover o convívio com o diferente, buscando o ecletismo, oportunizar grupos de discussão, nos quais os alunos são os protagonistas são medidas interessantes na visão do defensor público que empodera o jovem, e contribui para sua mudança de postura. “É preciso trazer os alunos para o centro do debate, ouvir o que eles têm a dizer, e usar esta estratégia para dectectar e antecipar soluções de problemas”, ponderou.
O defensor público acredita igualmente que Minas Gerais está na vanguarda neste tema, incrementando cada vez mias ações que assessorem as escolas neste desafio contra a violência, com programas como o Forpaz e o Fórum Técnico Segurança nas Escolas – Por uma Cultura de Paz, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que até 2015 pretende atender 2.800 escolas da rede estadual. “O Forpaz está alimentando aquilo que buscamos, que é incitar a convivência das escolas com outras instâncias, e torná-las protagonistas deste sistema de proteção e garantia de direitos da criança e do adolescente” observou.
Parcerias que precisam ser buscadas
A analista educacional e membro da comissão executiva do Forpaz, Fernanda Spolaor, lembrou aos diretores durante dinâmica que grupo “que a escola não está sozinha. Existem vários órgãos públicos disponíveis para nos ajudar, mas precisamos internalizar o seguinte: a responsabilidade é de todos sim, mas é tarefa de acionar ajuda, estes órgãos é da escola, a diligência precisa partir do diretor”.
Fernanda compartilhou com os diretores e inspetores de escolas, a ideia que surgiu no I Encontro Regional do Forpaz, realizado em Juiz de Fora, no mês de agosto, que é a criação de um site que em breve será colocado no ar, e que lista, por exemplo, os serviços, atribuições, telefones, horários de atendimento de 56 parceiros entre órgãos públicos, organizações não governamentais, iniciativas privadas e associações que podem ser úteis para as escolas da regional de ensino, além de listagem de solução de casos de conflito, de natureza física e verbal, para troca de experiência.
“A ideia é que cada regional tenha a sua”, observou Fernanda Spoloar que veiculou o vídeo “Gentileza gera gentileza todo o dia” tradução livre para ‘’Kindness Boomerang All Day’’ – título original, que emocionou alguns dos diretores presentes. “Mediamos um caso de conflito entre aluno em Juiz de Fora, usando este vídeo. Antes de abordamos o problema ou repreendermos os meninos, mostramos este vídeo, demos um bom exemplo, e eles ficaram estáticos. Estes exemplo queremos compartilhar”, contou a analista educacional.
As opiniões
A diretora da Escola Estadual Britaldo Soares Ferreira Diniz, Vânia Azla de Oliveira, saiu deste I Encontro de Promoção da Paz e de Articulação em Rede – Forpaz, com parcerias com a Guarda Municipal, Secretaria Estadual e Municipal de Educação. “Não sabia da disponibilidade de apoio do Conselho Regional de Serviço Social (CRAS) as escolas”.
Para a inspetora escolar de Ribeirão das Neves, Liozina Angélica, “a escola precisa criar sua identidade, ser pró-ativa e buscar sua própria receita de promoção de paz. Não há uma fórmula pronta e o Forpaz vem lembrar isso, é preciso conhecer esta rede que existe para nos ajudar e acioná-las”.
O diretor da Escola Estadual Henrique Souza Filho, Weberson Eduardo, concorda. Há 10 anos a escola busca parcerias para promoção da paz e mediação da violência, com programas do Governo de Minas como o Fica Vivo, do Poupança Jovem de cultura pela paz e de assistência do Conselho de segurança Pública. “É um trabalho de longo prazo. E nestes 10 anos já percebemos a melhoria da disciplina na nossa escola de uma forma geral”.
Para uma assistente social que participou das discussões “nenhuma boa política pública é feita de forma isolada. A escola não pode se isolar e ficar parada. Não é só a educação que resolve tudo. É preciso acionar os órgãos de saúde, de segurança, de cultura, as universidades, os conselhos, os juizados de menores”. Outra diretora concordou dizendo que “o problema vai além da criança, e se estende a família que está nesta área de vulnerabilidade. Precisamos também estreitar as pontes entre as escolas estaduais e municipais para mapear e compartilhar casos”.
Por esta razão, Arlete Gonçalves Lages, da Secretaria de Estado de Educação, que trabalhou no plano piloto que deu origem ao Forpaz, lembrou que “a palavra-chave do Forpaz é a articulação, e que deve buscar esta parceria é o diretor. Compartilhem os casos, relate aos órgãos competentes. Precisamos deixar o sofrimento e o passado para trás e nos engajarmos em novas idéias. Pedir ajuda, ter paciência, e perceber que na mediação de conflitos e na promoção da paz nada de efetivo se faz sozinho. Estamos em um momento crucial e não podemos perder esta oportunidade de mobilização”, concluiu Arlete.