Debate sobre a luta das mulheres por seus direitos e igualdades durou cerca de duas horas. Foto: Franciele Xavier (SEE/MG)

As ações da Secretaria de Estado de Educação em Minas Gerais (SEE) em homenagem ao Dia Internacional da Mulher já começaram. Na manhã desta terça-feira (6) foi realizada, no Colégio Estadual Central, em Belo Horizonte, a segunda edição da roda de conversa do projeto Educa e Empodera as Minas, que tem o objetivo de reforçar a mobilização da comunidade escolar a favor da luta pela igualdade e pelos direitos das mulheres.

Depois de uma emocionante apresentação da poeta Nívea Sabino com rimas impactantes sobre combate ao machismo e apoio à mulher, a subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica da SEE, Augusta Aparecida Neves Mendonça, fez a abertura do evento no auditório com quase 500 pessoas e afirmou que, apesar das conquistas das mulheres nos últimos anos, ainda há muito pelo que lutar. “A Educação não pode ficar fora dessa temática, tendo em vista as situações hoje vivenciadas pelas meninas, pelas jovens, pelas adolescentes, pelas mulheres, pelas minas do nosso brasil.  O que vemos cotidianamente são mulheres sendo mortas, violentadas, hostilizadas, humilhadas, muitas vezes por seus companheiros ou pessoas próximas de suas relações. Então, é fundamental que esse processo seja discutido no ambiente escolar, principalmente porque grande parte do nosso quadro de educadores são mulheres”, disse.

Apresentação marcante da poeta Nívea Sabino sobre o combate ao machismo

A roda de conversa contou com a mediação da superintendente de temáticas e modalidades especiais da SEE, Iara Pires Viana, que reforçou a importância de se discutir este tema junto a professores, professoras e estudantes. “Por mais que a gente tenha um público maciçamente feminino, o recorte machista ainda perpassa a nossa rede. Promover esse debate junto às nossas meninas e jovens estudantes é de extrema importância. São muitas as violências, tanto fora quanto dentro do ambiente escolar, e muitas delas nem têm nomes. Por isso discutir dentro do aspecto educacional é mais que empoderá-las, é dar a elas a argumentos e condições para saberem dizer quais tipos de violência sofreram e em que momento. Mulheres que não verbalizam sofrimento e dor produzem graves silêncios e invisibilidades, que refletem na personalidade e no desempenho escolar, por exemplo”, argumentou Iara.

Além de Iara, o palco do Estadual Central recebeu a professora e mestra em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Macaé Evaristo;  a presidente da União Colegial de Minas Gerais, Késsia Teixeira; a professora da Escola de Educação da UFMG, Shirlei Sales, e a professora da Escola Estadual Coração Eucarístico, Isabela Gonçalves.

Para Macaé Evaristo, uma das idealizadoras do projeto Educa e Empodera as Minas, é importante trazer o debate para bem perto e convidar as mulheres a pensarem nas lutas daquelas colegas e amigas que estão próximas, com as quais se convive no cotidiano. “É pensar na mãe, na irmã, na professora, na prima, na vizinha. Isso porque a gente vive em uma sociedade machista, e o machismo é uma construção política e ideológica que reservou para as mulheres um lugar de inferioridade. Pensar isso na escola é imprescindível porque vivemos no nosso país inúmeras situações de violência e a gente não pode deixar de falar das inúmeras formas com as quais se manifestam”, declarou Macaé.

A representante de movimentos estudantis, Késsia Teixeira, manifestou sua opinião quanto à estrutura escolar para a discussão sobre temas como o empoderamento e a luta da mulher pelos seus direitos. “As meninas, desde muito novas, convivem com exigências e cobranças que as acompanham para toda a vida e acabam virando preocupações, como a roupa que vai usar para sair de casa ou se a opinião será aceita ou não na escola ou no trabalho. Por isso a escola tem que ampliar os espaços e oportunidades para debates sobre gêneros, machismo, racismo e feminismo para deixar de ser um ambiente que reproduz preconceitos e, sim, que ensine sobre o respeito, a tolerância e a igualdade”, falou a jovem.

Integrantes da Roda de Conversa defenderam durante toda a discussão o debate sobre gêneros nas escolas. Foto: Franciele Xavier (SEE/MG)

Após a colocação e contribuição de todas as participantes da Roda de Conversa, o debate foi aberto para a participação dos alunos, que fizeram vários questionamentos e levantamentos e se expressaram de diversas formas. Entre eles estava a estudante Laura Lemos, integrante do Grêmio do Estadual Central, que recitou um poema de Sabrina Lopes. “Um dia, um homem me disse que eu não era uma mulher pra casar. Pensei (..) e concordei. Realmente, eu não sirvo pra isso ou pra aquilo, afinal, eu não estou aqui pra servir. (...) Sendo assim, prefiro ser minha, ter a carteira do cartório vazia a (...) me casar com alguém como você: machista, sexista conservador”, citou Clara ao reproduzir o texto criado pela poeta.

A estudante Laura Lemos recitando poesia de Sabrina Lopes. Foto: Franciele Xavier (SEE/MG)

A estudante Samira Társila, de 16 anos e aluna do 1º ano do Ensino Médio, aprovou a roda de conversa do Educa e Empodera as Minas e concorda com a Késsia no sentido de esse tipo de evento ser mais frequente na comunidade escolar. “Esse debate tem que ser ampliado dentro das escolas, pois é onde o bullying começa, onde o preconceito contra mulheres, negros e LGBTs ganha mais força. Participo de todos que organizam e acredito que todos os estudantes têm que participar também”, disse a adolescente.

Além da Roda de Conversa, a Secretaria de Educação enviou orientações às escolas para a realização de debates sobre a luta a favor dos direitos e igualdades das mulheres com a comunidade escolar e lançou, oficialmente, durante o debate no Estadual Central, o concurso de vídeos com a temática “Descontruindo Práticas Machistas Dentro da Escola”.

A aluna do 1º Ano do Ensino Médio, Samira Tarsila. Foto: Franciele Xavier (SEE/MG)