A iniciativa resultou em exposição fotográfica e contou com a participação de 20 estudantes da Educação Integral e Integrada

Uma viagem no tempo para aprender sobre uma prática que se tornou comum no dia a dia de crianças, jovens e adultos: a arte da fotografia. O projeto fotográfico “Olhares”, realizado pela Escola Estadual Ephigenia de Jesus Werneck, situada em Santa Luzia, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, levou estudantes da Educação Integral e Integrada a embarcarem na história da fotografia, desde seus primórdios, com o uso da iluminação para reproduzir imagens, a criação da câmara escura, os processos físico-químicos de fixação e revelação, até os dias atuais, com o advento das novas tecnologias.

“Pesquisei o máximo de informações para que os alunos compreendessem todo o processo fotográfico. Era importante que eles conhecessem o passado para entenderem o presente e, assim, imaginarem o futuro”, relata a professora de Artes, Josiene Gomes, organizadora e orientadora da iniciativa.

Foto: Arquivo da Escola

O passeio histórico também buscou, como conta a educadora, transformar a maneira como os alunos percebem a realidade. “O intuito foi estimular, por meio da fotografia, o olhar sensível e criativo dos nossos estudantes”, diz ela, ressaltando que o contato com câmeras analógicas, digitais e de celulares aguçou a imaginação dos educandos.

Para a estudante Maria Eduarda Borges, do 9º ano do Ensino Fundamental, o mais interessante foi, realmente, captar tudo ao seu redor de uma maneira diferenciada. “Durante as atividades, fomos treinados a ver tudo com outros olhos, a atentar aos detalhes para fazer uma foto legal e, ao mesmo tempo, tentar passar para o público o que eu quero dizer com aquela fotografia”, comenta.

Durante o “Olhares”, os participantes aprenderam sobre como usar a luz, composição, ângulos e planos, sobre o processo de revelação fotográfica de filmes, o funcionamento e manuseio das câmeras analógicas e digitais. Segundo Josiene, o ofício do fotógrafo também foi assunto discutido no projeto. “Era fundamental que eles entendessem quem é o profissional e como ele trabalha, o que é necessário para ser um fotógrafo e quais são as possibilidades que essa profissão oferece. Apresentamos os grandes fotógrafos brasileiros e estrangeiros, entre eles, o mineiro Sebastião Salgado”, explica.

Foto: Arquivo da Escola

Para compreenderem a representatividade das imagens fotográficas, a professora realizou com os alunos uma roda de conversa norteada pelo tema “Para que serve uma fotografia?”. “Apresentados a imagens sobre temáticas diversas, eles puderam articular formas diferentes de entender o significado de uma fotografia, desde a necessidade de recordar algo, visualizar um lugar nunca visto, registrar um acontecimento importante ou contar histórias através de memórias”, afirma Josiene.

Exposição

Aprendida a história da fotografia e com as técnicas básicas para fotografar nas pontas dos dedos, os estudantes foram captar imagens dentro da escola e também na comunidade ao entorno. “A intenção era que cada um se sentisse livre para captar o que quisesse, que utilizassem as lentes também como uma forma de expressão de sentimentos e emoções”, ressalta a professora de Artes.

Ao longo dos dois meses de realização do projeto, os 20 alunos participantes produziram mais de cem fotos, sendo que 60 foram escolhidas para compor, no dia 1º de dezembro, a exposição “Olhares – do analógico ao digital”, aberta a funcionários, estudantes da Educação Integral e Integrada e do Ensino Médio. “Na exposição, eles compreenderam o olhar de cada colega e os visitantes puderam se emocionar com os registros produzidos pelos educandos. Conheceram também os tradicionais monóculos, que foram sucesso nos anos 70 e 80”, pontua a professora.

Foto: Arquivo da Escola

A estudante Maria Eduarda Borges conta que foi gratificante ver suas fotos expostas para toda a escola. “Lembro-me do esforço que tive para construir mentalmente e captar as fotografias. É espetacular olhar para elas prontas e muito gratificante ver as pessoas admirando e comentando as fotos tiradas por mim”, diz.

Antes de serem apresentadas à comunidade escolar, as imagens passaram por um processo de edição. “No laboratório de informática, os alunos utilizaram o programa GIMP para manipularem os níveis de contraste, saturação e brilho e melhorarem a qualidade das fotografias”, conta Josiene.

A professora destaca a importância da iniciativa para a educação dos jovens. “O projeto apropriou-se da fotografia, tão presente na rotina de qualquer estudante, principalmente com o desenvolvimento dos celulares e redes sociais, para fazer com que eles percebessem e se relacionassem com a escola, com os colegas, com a comunidade e com suas próprias emoções de uma outra forma. Houve um envolvimento completo com o fazer e com toda a produção fotográfica e um aprendizado que extrapola os conteúdos didáticos”, garante.

Por William Campos Viegas (ACS-SEE/MG)