Por Cecília Resende, coordenadora de Educação Integral e Integrada da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais
Há várias definições de currículo, que estão associadas a diferentes formas de se conceber a educação. De uma forma bem simples, currículo é a seleção cultural de determinados conhecimentos e práticas realizadas dentro e fora da escola e que de alguma forma garantem aos estudantes o acesso aos conhecimentos e cultura produzidos num território.
Na perspectiva da educação integral, o currículo visa contemplar o desenvolvimento de todas as potencialidades, ou dimensões formativas, dos sujeitos, considerando não apenas os aspectos intelectuais, mas também os afetivos, corporais, simbólicos, éticos e estéticos e, por isso, ele é culturalmente construído.
Nesse sentido, o currículo está sempre vinculado a formas específicas de organização da sociedade e da educação, e não pode ser compreendido como um campo neutro, ou algo estático. Ele é, então, o equilíbrio de interesses e forças que gravitam sobre o sistema educativo em um determinado momento, configurando-se como o reflexo de um determinado projeto de cultura e de socialização.
Mais do que proporcionar às crianças e jovens o acesso a conhecimentos e práticas que lhes deem condições de inserção em uma vida social e produtiva, o currículo deve permitir que estudantes enfrentem problemas e participem da definição de novos rumos pessoais e coletivos, e na busca de perspectivas mais humanas, para si mesmos e para a sociedade em que vivem.
Dessa forma, cada escola deve trazer em seu Projeto Político Pedagógico um currículo integrado que assuma, dentre outros pontos, a pesquisa como uma das principais formas de aprender. A pesquisa é desafio, é criação, é experimentação, é teoria e prática juntas, é diálogo com a realidade. É processo cotidiano que permite a cada estudante se conhecer melhor, identificar seus potenciais, interesses e paixões e estabelecer estratégias e metas para alcançar os seus próprios objetivos, conectando-se à sua história, ao contexto em que vive e suas expectativas, motivado a aprender ao longo da vida e a contribuir com a sociedade em que vive ,intervindo solidariamente em seu meio.
É assim que se configura a Educação Integral e integrada em Minas Gerais, uma proposta que na busca da formação integral do sujeito faz um convite a cada estudante a dialogar com a cidade, a reconhecer em seus pares, parceiros para fazer pesquisa e juntos, mesmo com projetos de vida distintos, trabalharem para o bem comum.