O entusiasmo está estampado no rosto e presente na fala dos estudantes do Ensino Fundamental de escolas estaduais, municipais, federais, técnicas e privadas, que abriram nesta terça-feira, 18 de julho, a programação da 18ª edição da UFMG Jovem. “A feira é muito grande e a gente descobre muitas coisas legais. Sair de uma cidadezinha, compartilhar a nossa pesquisa com outras pessoas e ouvir as sugestões e opiniões delas é bastante gratificante”, conta Cleidson Emanoel Mendes, aluno do 7º ano do Fundamental, da Escola Estadual Alcides Mendes da Silva, localizada em Porteirinha, norte de Minas Gerais. Aberta ao público, a mostra de trabalhos do Ensino Fundamental continua hoje, 19/07, até às 17h30, na tenda roxa da SBPC Jovem, no Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais.
Ao lado dos amigos Bernardo Medeiros e Luís Gustavo da Cruz, e da diretora, Maria Suverlei Santos, Cleidson apresenta o trabalho “Farinha nutricional inovadora”. “Pesquisamos o valor nutricional do jatobá, do amaranto e do baru, típicos da nossa região, para produzirmos uma farinha rica nutricionalmente e que não alterasse o gosto dos alimentos”, conta o estudante.
Introduzido na merenda da escola, o produto pode ser consumido de diversas maneiras. “Indicamos que as pessoas a consumam, preferencialmente, com iogurte, mas pode ser utilizada com feijão, arroz, entre outros”, explica Bernardo Medeiros, pontuando os benefícios da farinha. “Cada fruto, individualmente, possui valor nutricional. O jatobá, por exemplo, tem muito ferro e previne a anemia. Já o amaranto ajuda no sistema cardíaco, imunológico, visão e ossos”, diz.
Segundo a orientadora e professora de Ciências, Jucineia Fernandes Souza, a pesquisa está alinhada com outra iniciativa da instituição. “Implantamos o projeto Multiplicadores da Sustentabilidade, que visa expandir, por meio de práticas diárias, o conhecimento da temática. Nessa proposta, estudamos sobre o cerrado, que vem sofrendo uma devastação, e articulamos com a pesquisa da farinha nutricional, que é feita a partir de plantas nativas desse bioma”, explica.
Na expectativa para premiação de seus alunos, a professora reforça a importância da UFMG Jovem. “É fundamental para eles absorverem conhecimento e para os educadores melhorarem sua prática pedagógica. A feira também amplia os horizontes e permite ao discente ser protagonista dentro do meio científico”, afirma.
Da cidade de Mateus Leme, os alunos do 9º ano, da Escola Estadual Domingos Justino Ribeiro, trouxeram a pesquisa “Caracterização fitoquímica dos tubérculos da planta inhame (Dioscorea sp.)”, que investiga o poder repelente do vegetal. “Na minha casa, havia muitas formigas, mas observei que elas, além de desviarem do pé do inhame, não cortavam suas folhas. Então, surgiu a hipótese de que ele poderia repelir insetos”, comenta o estudante Alex Rodrigues de Araújo. Em 2016, o projeto conquistou o 1º lugar na Feira de Ciências, Tecnologia, Educação e Cultura (FECITEC), realizada no Campus Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Após muitos estudos e testes, os alunos descobriram que as vitaminas do complexo B presentes no vegetal são as responsáveis por afastar os insetos. “Além dessa ação, os estudos também mostraram que o inhame era um bom hidratante para pele. Então, desenvolveram dois tipos de creme, sendo um feito a partir da polpa e outro da casca, que funcionavam ao mesmo tempo como repelente e hidratante corporal”, explica a orientadora, Fabíola Cristina Fonseca.
A professora de Ciências e Biologia também destaca a contribuição da feira científica para a aprendizagem dos educandos. “Melhora a autoestima, pois percebem que são capazes de levar conhecimento às pessoas; a capacidade de escrita que, cada vez mais, tem sido exigida nessas feiras, ou seja, uma excelência na escrita técnica, científica e formal; e, também, eles vão desenvolvendo uma maneira peculiar de apresentar trabalhos”.
Conquistando as melhores posições em diversas categorias na edição passada da UFMG Jovem, a Escola Estadual João Rodrigues da Silva, localizada no município de Prudente de Morais, apresenta 5 projetos desenvolvidos por estudantes do Ensino Fundamental. “Está sendo muito interessante poder mostrar nossa pesquisa, conhecer os trabalhos das outras escolas e, também, participar das atividades realizadas durante o evento”, comenta Júlia Lorraine Fernandes, aluna do 7º ano, que apresenta o trabalho “Proposta de sistema de alerta postural”.
Outro trabalho da Escola Estadual João Rodrigues da Silva presente na feira científica é “A Química da Paixão”, que explica, cientificamente, as reações que ocorrem no corpo humano quando o indivíduo está amando. “A iniciativa surge da curiosidade dos alunos e é fruto de várias reuniões periódicas, muita pesquisa e discussão sobre o tema”, conta o professor de Química, Pedro de Sousa Rosa, acrescentando que o trabalho – já divulgado na MOPEC e idealizado por estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental – estimula o raciocínio lógico, o pensar e a formação cidadã nos jovens. “Estamos explicando como os hormônios são produzidos, como surge o amor verdadeiro e, também, falamos sobre dez artifícios que podem melhorar os relacionamentos no dia a dia”, explica o estudante Clauderson Souza Oliveira.
Nesta quinta-feira, 20, a Diretoria de Divulgação Científica (DDC) anuncia as escolas vencedoras na categoria Ensino Fundamental. Nos dias 21 e 22, os estudantes do Ensino Médio apresentarão seus trabalhos na 18ª UFMG Jovem, e o resultado final será divulgado no domingo, 22 de julho.
Com o tema Transformações e Maioridade’, a 18ª UFMG Jovem é organizada pela Diretoria de Divulgação Científica (DDC), vinculada à Pró-reitoria de Extensão da UFMG. Integrando a SBPC Jovem, a feira, que é aberta ao público, ocorre simultaneamente à 69ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), maior evento científico da América Latina. A SBPC acontece até 22 de julho, no Campus Pampulha da UFMG, e a programação completa pode ser conferida no https://www.ufmg.br/sbpcnaufmg/.
Por William Campos Viegas (ACS/SEEMG)