Comemoração nesta sexta (02/09) contou com a presença da secretária Macaé Evaristo
Com muita festa, com direito a bolo, apresentações musicais de orquestra de violões, corais e teatro, o Instituto São Rafael, no Barro Preto, em Belo Horizonte, comemorou nesta sexta-feira (02/09), 90 anos de dedicação aos deficientes visuais.
As comemorações, que lotaram o auditório Professor Célio Martins de Andrade, do Instituto, reuniram alunos e ex-alunos, ex-funcionários e servidores, professores, familiares, colaboradores e apoiadores da instituição. Entre os presentes, a secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo; a diretora da Superintendência Regional de Ensino Metropolitana , Idalina Franco de Oliveira; a diretora de Educação Especial da SEE, Ana Regina de Carvalho e a diretora do Instituto, Juliany Sena.
Em sua fala, a secretária Macaé Evaristo ressaltou a importância da instituição. “90 anos para uma instituição como o São Rafael é ser ainda muito jovem, quando nos referimos ao direito universal à educação, algo recente em nosso país. Acreditamos num futuro no qual essa instituição tenha contribuído com toda a sua trajetória para construção e ampliação a esse direito. A vida pede coragem e a Secretaria de Educação se orgulha do Instituto São Rafael”.
Emocionada por receber homenagem da escola, a massoterapeuta Marilane Alves Silva teve todo seu histórico escolar traçado no Instituto São Rafael. Formada em Magistério pelo Instituto, ainda hoje mantém vínculo com a instituição, onde estuda música, e atua no grupo “Forró no Escuro”, formado por ex-alunos da instituição. “Estou muito emocionada, cheguei aqui, vinda de Nova Lima, aos 10 anos, ainda no internato. Fui muito bem recebida e acolhida e atribuo toda a minha formação profissional e de caráter aos servidores e professores desta escola”. Ela também trabalha com massoterapia há oito anos.
Presidindo a Associação de Amigos do Instituto São Rafael, entidade criada em 1972, e que apoia projetos fora da abrangência do Estado, o ex-aluno Juarez Gomes Martins formou-se em Magistério e Relações Públicas. Pós-graduado em Educação Especial e Licenciatura, atribui toda sua formação aos estudos iniciais no Instituto. “Entrei menino e contabilizo 50 anos de convivência com a instituição que me proporcionou formação moral e profissional”.
Primeira escola exclusiva para cegos em Minas Gerais, criada em 2 de setembro de 1926, o Instituto São Rafael é referência no estado “pela sua capacidade de estar sempre se readequando no atendimento às evoluções promovidas na área da Educação Especial”, segundo a diretora Juliany Sena, que trabalha na instituição há 15 anos. “Nunca perdemos a forma carinhosa de receber nossos alunos e os estimulamos a seguir os estudos em escolas inclusivas, com acompanhamento por profissionais da Escola”.
O Instituto atende a 63 alunos com deficiência visual fundamental, além de dispor de sala de recurso para atendimento a seus alunos e que serve como suporte pedagógico a estudante de outras instituições, públicas ou privadas. Além de escolarização, oferece habilitação e reabilitação terapêutica e social, na preparação para o trabalho e no encaminhamento e acompanhamento educacional. Ao todo, são 251 alunos assistidos por projetos de convivência e reabilitação, com trabalhos nas áreas da música, tapeçaria, teatro e atividades na sala de recursos.
A instituição promove também palestras e orientações nas áreas de prevenção às causas da cegueira e tratamento de doenças a ela inerentes, produzindo e divulgando informações e material especializado para ações acadêmicas e para atividades da vida diária.
Profissionalização
Em 2016, a unidade começou a oferecer o primeiro curso técnico profissionalizante em Massoterapia. A duração é de dois anos e os alunos receberão e certificação, o que permite atuar profissionalmente no mercado de trabalho. Inicialmente foram recebidas 90 inscrições para técnico em Massoterapia e os processos de formação das turmas e de contratação dos profissionais já se encontram em andamento. O curso é aberto a todas as pessoas, com deficiência ou não.
Giane Rose Coelho se matriculou no Instituto em 1983 e agora retornou ao se inscrever no curso de Massoterapia. “Estou adorando, não conhecia massagem, nem para recebê-la, e agora estou me profissionalizando. Estou indo muito bem. O hábito de usar o tato nos ajuda a perceber melhor o cliente”.
Márcia de Carvalho, terapeuta educacional e analista da educação básica, chegou à escola em 1984. “Era ainda uma escola segregadora, com um serviço mais voltado para a reabilitação. Com o tempo passou a ter um olhar mais pedagógico. Diante das necessidades educacionais do aluno, capacitamos professores para atender alunos com deficiência visual e baixa visão, em todo o estado”.
Apoio
Abrigado pelo Instituto, o Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual (CAP) tem como finalidade capacitar professores, orientar escolas, estudantes e familiares, garantindo às pessoas cegas, surdo-cegas e com baixa visão o acesso ao conteúdo programático desenvolvido nas escolas, assim como acesso à literatura, pesquisa e cultura por meio da utilização de equipamentos da moderna tecnologia, da impressão do livro em Braille, formato Mecdaisy, áudio, ampliado áudio, e outros.
Atualmente atende a 17 Superintendências Regionais de Ensino (SRE) na área de capacitação e 11 na produção de material.