4ª edição dos “Diálogos do Prêmio José Costa” aconteceu nesta quinta (04/08)
“A escola só irá mudar se houver transformação na sociedade. Não haverá grandes transformações na escola se não compreendermos o projeto de sociedade que queremos. O que mais aparece nas agendas da juventude é participação. Todos os jovens têm projetos, sonhos, utopias, mas nem sempre encontram espaço para expor seus projetos e suas propostas”. Essas foram algumas das considerações levantadas pela secretária de Educação Macaé Evaristo na mesa sobre Educação e Valores Humanos que aconteceu na manhã de quinta-feira (o4/8), dentro do evento “Diálogos do Prêmio José Costa”.
A iniciativa, que ocorreu em Belo Horizonte, é um desdobramento do Prêmio que procura valorizar iniciativas que fomentem o desenvolvimento sustentável, abrindo porta para diálogos que provoquem reflexões sobre atividades desenvolvidas no âmbito social. É promovido pelo jornal Diário do Comércio e ArcelorMittal e encontra-se em sua quarta edição. A roda de conversa acontece a cada dois meses.
Em sua fala, a secretária defendeu o foco nas 20 metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que traça diretrizes para os próximos 10 anos, como forma de vencer os desafios lançados pelo sistema educacional brasileiro. “Pensar em educação em Minas Gerais é pensar que em pleno século XXI somos herdeiros de paradigmas traçados no século XX, construído por uma sociedade eugenista, de embranquecimento da população”, argumentou ela.
Macaé lembrou que somente no final do século XX a sociedade brasileira começou a traçar políticas públicas que reconheciam os direitos das crianças, com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Para ela, pensar no futuro é buscar meios de tornar a escola um centro de referência para a juventude que “hoje morre nos aglomerados e nas periferias e que fazem da escola de hoje seu espaço de sobrevivência”.
A secretária enfatizou a necessidade de se defender o PNE, “construído a duras penas e discutido incansavelmente com diversos atores da sociedade”. Ela citou os números do acesso à educação de crianças e jovens para demonstrar os desafios que ainda precisam ser vencidos. “Minas Gerais é síntese do que existe no país, onde a educação atende a 98,6% de crianças entre 6 e 14 anos. Já as crianças de 4 a 5 anos, 80% estão na escola, mas o número de matrículas de 0 a 3 anos não chega a 30%. Portanto, um dos desafios é a universalização para a educação infantil. Em Minas, 15% dos jovens entre 15 e 17 anos não estudam e 40% deles não concluíram o ensino fundamental”.
Outro desafio citado pela secretária é o fato de que jovens dos conglomerados urbanos, do campo, indígenas e com deficiências, que hoje compõem grande parte da juventude no país, estão alijados das salas de aula. Macaé lembrou que a primeira agenda da Secretaria de Estado de Educação (SEE) foi a mobilização social denominada Virada Educação que percorreu todos os pontos do estado para dialogar formas de trazer os jovens para a escola. “Precisamos de um projeto educativo que não apenas dialogue com a comunidade escolar, mas também com seu território, seu entorno, buscando uma educação sustentável”, finalizou ela.
A mesa contou ainda com a participação do presidente do Instituto Valores Humanos, Gonçalo Medeiros; da professora associada da Fundação Dom Cabral, Lúlia Queiroz; do professor titular Emérito da Faculdade de Educação da UFMG, Miguel Arroyo; e da psicóloga, mestra em Educação e coordenadora da educação infantil do Balão Vermelho, Adriana Monteiro. O debate foi mediado pela psicóloga Ana Rita de Calazans Perine, do instituto Orior.